Conselho de Entidades - A luta por uma Faculdade de Medicina em Campinas
1948
É publicada a Lei nº 161, de 24 de setembro de 1948, que criava uma Faculdade de Direito em Campinas. Tal Faculdade, não reivindicada ou não tendo exercido pressão suficiente para sua implantação, acabou não saindo do papel. Em 1952, é feita proposta para substituição dessa Faculdade de Direito por uma Faculdade de Medicina, como se verá adiante.
Assembleia Legislativa recebe proposta de instalação da Faculdade de Medicina em Campinas
Correio Popular, 05 de junho de 1951
Correio Popular
1951
Deputado estadual Ruy de Almeida Barbosa leva proposta de instalação de uma Faculdade de Medicina em Campinas à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Na proposta estava incluída também a solicitação de instalação da Faculdade de Direto criada pela Lei nº 161, de 24 de setembro de 1948.
Câmara de Vereadores coloca em pauta a Faculdade de Medicina
Correio Popular, 08 de junho de 1951
Correio Popular
A criação de uma Faculdade de Medicina em Campinas já era pauta na Câmara de Vereadores da cidade.
É proposta a substituição da Faculdade de Direito por uma Faculdade de Medicina
A Defesa, 18 de abril de 1952
A Defesa
1952
Surge a ideia de substituir legalmente a Faculdade de Direito por uma Faculdade de Medicina. O então prefeito campineiro, Sr. Antonio Mendonça de Barros, enviou telegrama ao deputado Ruy de Almeida Barbosa, solicitando essa substituição, uma vez que a Faculdade de Direito havia sido criada em 1948 e ainda não havia sido instalada.
É criado o Projeto de Lei N. 200, que prevê a alteração de "Faculdade de Direito" para "Faculdade de Medicina"
A Defesa, 23 de abril de 1952
A Defesa
A sugestão do prefeito campineiro, Sr. Antonio Mendonça de Barros, é aceita pelo deputado Ruy de Almeida Barbosa. É criado o Projeto de Lei N. 200, de 1952, que prevê a alteração da redação do item IV do Art. 1º da Lei nº 161, de 24 de setembro de 1948, ou seja, passaria de “Faculdade de Direito em Campinas” para “Faculdade de Medicina em Campinas”.
Julga-se inoportuna a criação de uma Faculdade de Medicina em Campinas
Diário do Povo, 21 de maio de 1953
Diário do Povo
1953
Se antes a criação da Faculdade de Medicina em Campinas era apenas uma questão de tempo, agora já não seria mais tão simples. Comissões da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo solicitaram que a Universidade de São Paulo fosse consultada sobre o Projeto de Lei N. 200, de 1952, e a mesma se posicionou contrária à criação de uma escola médica em Campinas.
Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa manifesta-se favorável à criação de uma escola médica em Campinas
A Defesa, 24 de maio de 1953
A Defesa
Por outro lado, Cid Franco, da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa do Estado do São Paulo, manifestou-se favorável à criação da Faculdade de Medicina em Campinas, destacando a qualidade dos hospitais e centros médicos da cidade.
Projeto de Lei N. 200, que prevê criação da Faculdade de Medicina em Campinas, é aprovado
Diário do Povo, 03 de junho de 1953
Diário do Povo
O Projeto de Lei N. 200, de 1952, é aprovado em segunda discussão na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, faltando apenas a votação de sua redação final e a promulgação da lei pelo governador Lucas Nogueira Garcez.
Promulgada lei que cria a Faculdade de Medicina em Campinas
Correio Popular, 07 de julho de 1953
Correio Popular
É promulgada, pelo governador Lucas Nogueira Garcez, a Lei nº 2.154, de 30 de junho de 1953, que cria a Faculdade de Medicina em Campinas.
Faculdade de Medicina seria instalada somente em 1955
Folha da Manhã, 28 de setembro de 1954
Folha da Manhã
1954
Apesar da promulgação da Lei nº 2.154, de 30 de junho de 1953, logo os campineiros notaram que a instalação da Faculdade de Medicina não se daria de forma rápida. Essa percepção aconteceu ainda em 1953. Em 1954, o governador Lucas Nogueira Garcez, em visita a Campinas, afirma que uma verba destinada para a instalação da escola médica havia sido reservada para 1955, ano em que outro governador assumiria o posto.
É criado o Conselho de Entidades de Campinas
Correio Popular, 19 de março de 1955
Correio Popular
1955
As questões sobre a instalação de uma escola médica na cidade são reavivadas. Nesse cenário surge o Conselho de Entidades de Campinas , cujo objetivo era discutir assuntos de interesse local. Uma de suas primeiras pautas foi a instalação da Faculdade de Medicina na cidade. A primeira reunião do Conselho aconteceu com o intuito de delinear uma campanha sem interrupções para conquistar a instalação da Faculdade de Medicina, que deveria contar com todos os setores da sociedade campineira.
Instalação da Faculdade de Medicina é novamente pauta na Assembleia Legislativa
Diário do Povo, 13 de abril de 1955
Diário do Povo
O assunto da instalação da Faculdade de Medicina em Campinas retorna à pauta da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo através do deputado Marcondes Filho.
Zeferino Vaz favorável a nova escola de medicina no interior do Estado de São Paulo
Diário de São Paulo, 29 de fevereiro de 1956
Diário de São Paulo
1956
Zeferino Vaz, uma das personalidades mais influentes do meio acadêmico de então, se manifesta a favor de uma nova escola de medicina no interior do Estado de São Paulo, mas suas recomendações não colocam Campinas como a melhor opção.
A Câmara dos Vereadores de Campinas retoma o assunto da instalação de uma Faculdade de Medicina na cidade.
Os planos para instalação da Faculdade de Medicina em Campinas são arquivados pelo governador Jânio Quadros, devido à impossibilidade, no momento, de executá-los.
Comissão escuta campineiros sobre a instalação de uma escola médica na cidade
Correio Popular, 24 de maio de 1958
Correio Popular
1958
Governo do Estado de São Paulo cria Comissão para coletar opiniões dos campineiros em relação a um instituto de Ensino Superior na cidade. A Comissão foi nomeada pelo governador Jânio Quadros através da Resolução nº 940, de 04 de maio de 1958, e dela fazia parte Zeferino Vaz.
Em reunião ocorrida em 23 de maio de 1958, na qual estavam presentes algumas personalidades campineiras, a Comissão apresentou a proposta de criação de uma Escola Politécnica na cidade, mas ao final, ficou decidido que essa Escola Politécnica iria para a Universidade Católica de Campinas, e que se devia agora tratar da instalação da Faculdade de Medicina. Zeferino Vaz, em nome da Comissão, iria enviar parecer favorável a Jânio Quadros sobre a instalação da escola médica em Campinas.
É sancionada a Lei nº 4.996, de 25 de novembro de 1958, que recria a Faculdade de Medicina em Campinas.
1959
Tendo em vista a falta de recursos por parte do Governo do Estado de São Paulo, o governador Carvalho Pinto determinou a criação de uma comissão para opinar, como técnicos reconhecedores do assunto e de suas correlações, sobre a conveniência do local aonde deveria ser instalada, prioritariamente, a Faculdade de Medicina que seu governo colocaria em funcionamento. As cidades eram: Campinas, Botucatu, Catanduva e São José do Rio Preto, todas elas com escolas médicas criadas legalmente.
Campinas não foi escolhida para ser a sede da nova escola médica, mas o Governador iria reavaliar a questão
Correio Popular, 07 de maio de 1959
Correio Popular
Os campineiros, em reunião com Carvalho Pinto para reivindicar a instalação da Faculdade de Medicina em Campinas, souberam através do próprio governador que a comissão, presidida por Zeferino Vaz, havia escolhido Botucatu para sediar uma escola médica.
Da reunião, os campineiros saíram com a missão de elaborar um relatório para o governador Carvalho Pinto, no qual deveriam constar todos os levantamentos a favor de Campinas na questão da instalação de uma escola médica. O governador se comprometeu a reexaminar a questão.
Conselho de Entidades de Campinas se reúne novamente
Recorte de jornal do dia 20 de dezembro de 1960
Acervo Histórico do Arquivo Central
1960
Roberto Franco do Amaral, na solenidade de posse da nova Diretoria da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas, faz um apelo para que as entidades campineiras se unam novamente em prol da instalação da Faculdade de Medicina. Ressurge, portanto, o Conselho de Entidades de Campinas, que tomou a frente da organização e das ações referentes à reivindicação pela instalação da Faculdade de Medicina.
Conselho de Entidades prepara campanha para instalação da Faculdade de Medicina
Recorte de jornal do dia 17 de janeiro de 1961
Acervo Histórico do Arquivo Central
1961
A primeira reunião do Conselho de Entidades de Campinas ocorreu em 16 de janeiro. Uma de suas principais atividades seria articular uma campanha que não se encerrasse até que a instalação da Faculdade de Medicina estivesse encaminhada.
Conselho de Entidades cria comissões
Recorte de jornal do dia 07 de fevereiro de 1961
Acervo Histórico do Arquivo Central
Conselho de Entidades de Campinas aprova Plano de Trabalho Pró-Instalação da Faculdade de Medicina, no qual estavam previstas 10 comissões, todas trabalhando em prol da escola médica.
Estavam preparando um relatório para enviar ao governador Carvalho Pinto, no qual seria apontado o problema da falta de médicos no Estado, sobretudo em Campinas e região, motivo mais do que justo para se reivindicar a instalação de uma escola médica na cidade. Apontariam também que a falta de escolas médicas na região fazia com que os estudantes saíssem para estudar em outros Estados e não voltassem mais, agravando a falta de médicos.
Trecho do memorial do Conselho de Entidades que menciona algumas comissões criadas no contexto da Campanha Pró-Instalação da Faculdade de Medicina de Campinas. 1961
Acervo Histórico do Arquivo Central
Comissões do Conselho de Entidades começam a apresentar resultados
Correio Popular, 08 de março de 1961
Correio Popular
As comissões criadas para a Campanha Pró-Instalação da Faculdade de Medicina começam a apresentar resultados.
Campanha do Conselho de Entidades atinge quase todo o Estado de São Paulo
Diário do Povo, 19 de abril de 1961
Diário do Povo
Os campineiros estavam bastante confiantes de que, dessa vez, a Faculdade de Medicina seria realmente instalada em Campinas. Contribuiu para essa confiança o fato de que os membros do Conselho de Entidades verificaram que o movimento havia atingido quase todo o Estado de São Paulo, haja vista os inúmeros ofícios enviados ao governador Carvalho Pinto pelas mais diversas associações, entidades, prefeituras e câmaras municipais.
Grupo de Trabalho nomeado pelo Governador aponta que novas escolas médicas eram dispensáveis no momento
Recorte de jornal de 1961
Acervo Histórico do Arquivo Central
Governador Carvalho Pinto nomeou um grupo de trabalho em outubro de 1960, composto por professores da Universidade de São Paulo (USP), para estudar as condições do ensino superior no período correspondente, além de verificar a situação dos núcleos populacionais do Estado. De acordo com o parecer do grupo, eram dispensáveis, naquele momento, novas escolas médicas. O trabalho desse grupo contrariava todos os estudos realizados pelas comissões da Campanha Pró-Instalação da Faculdade de Medicina.
Conselho de Entidades contesta Grupo de Trabalho
Recorte de jornal de 25 de maio de 1961
Acervo Histórico do Arquivo Central
O Conselho de Entidades de Campinas contesta o Parecer do Grupo de Trabalho da Universidade de São Paulo.
Grupo de Trabalho se reúne para discutir sobre a instalação de cursos superiores no Estado
Diário do Povo, 20 de junho de 1961
Diário do Povo
Grupo de Trabalho da Universidade de São Paulo se reúne para debater o assunto referente à instalação de cursos superiores no Estado. Estudantes e parlamentares presentes, dentre eles o deputado Ruy de Almeida Barbosa, defenderam a necessidade de instalação imediata das faculdades de medicina criadas por lei, dentre elas a de Campinas.
Comissão Parlamentar Especial visita Campinas
Correio Popular, 05 de julho de 1961
Correio Popular
Campinas recebe uma Comissão Parlamentar Especial, instituída pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que estava visitando as cidades já contempladas legalmente por uma Faculdade de Medicina, com o intuito de estudar detidamente o assunto, analisando-se todas as informações, possibilidades e dados disponíveis sobre o assunto.
Comissão Parlamentar Especial aponta que uma escola médica em Campinas é indispensável
Correio Popular, 28 de setembro de 1961
Correio Popular
Comissão Parlamentar Especial conclui seu relatório e aponta de uma Faculdade de Medicina em Campinas é indispensável.
É autorizada a instalação da Faculdade de Medicina em Campinas
Recorte de jornal do dia 15 de novembro de 1961
Acervo Histórico do Arquivo Central
Governador Carvalho Pinto autoriza a instalação da Faculdade de Medicina em Campinas.
Faculdade de Medicina deve funcionar em 1963
A Gazeta, 16 de novembro de 1961
A Gazeta
Faculdade de Medicina em Campinas deve funcionar a partir de 1963.
Em Campinas deveria ser instalado um Núcleo Universitário, no qual seria incorporado a Faculdade de Medicina. Uma comissão designada pelo Reitor da Universidade de São Paulo visitou Campinas a fim de realizar estudos sobre a implantação desse Núcleo.
A instalação da Faculdade de Medicina não progredia em Campinas
A Gazeta, 07 de junho de 1961
A Gazeta
1962
A instalação da Faculdade de Medicina não fazia progresso em Campinas. Era preciso que se tomasse alguma providência e que as comissões da Campanha Pró-Instalação da Faculdade de Medicina não desistissem do assunto.
Governador encaminha proposta para criação da Universidade de Campinas
Recorte de jornal do dia 26 de julho de 1962
Acervo Histórico do Arquivo Central
Governador Carvalho Pinto encaminha à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo projeto de lei que dispunha da criação da Universidade de Campinas como órgão autárquico. Previa também a integração da Faculdade de Medicina.
Sancionada Lei que cria a Universidade de Campinas
Recorte de jornal do dia 29 de dezembro de 1962
Acervo Histórico do Arquivo Central
É sancionada a Lei nº 7.655, de 28 de dezembro de 1962, que cria a Universidade de Campinas como entidade autárquica. Estavam previstos ainda para 1963 os seguintes órgãos: Faculdade de Ciências, Faculdade de Medicina, Faculdade de Odontologia, Faculdade de Química Industrial, Instituto de Biologia, Instituto de Morfologia, Instituto de Química, Instituto de Física e Instituto de Matemática. A Faculdade de Medicina, criada pela Lei nº 2.154/1953 e ratificada pela Lei nº 4.996/1958 havia sido incorporada à Universidade e seu primeiro vestibular ocorreu em 1963.
Referência:
SILVA, Aline Rodrigues da. A luta do Conselho de Entidades de Campinas por uma Faculdade de Medicina na cidade . Campinas, 2012. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas.